segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Indulto

Olhar disperso, perdido, vagueando no horizonte.
Comunicação impossivel, talvez porque não se tente, talvez porque não se consegue.
Desaponta-se, soma e segue.
Busca-se o alento,
Instiga-se o acalentar do remoinho lá dentro.
Faz-se uma prece,
a vontade comparece,
Desencadeia-se de novo o combate da mente,
As ideias vão e vêm em torrente.
Nada é o que realmente parece.
A acção fica inerte num contra senso comum,
num conflito de todos e de cada um.
Ninguém se chega à frente para ver o que há-de sobrevir,
nem um movimento, nada de agir.
E se uma das partes não comparecer?
Diremos que foi sem querer...!
Pagaremos o indulto?
Ou ficaremos para sempre de luto?

Vieira MCM

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Terra...Um lugar especial

Brilhante, desalinhada,
insiste em rodar no seu eixo.
Desprotegida.
Mal entendida, mal amada.
Não por ser dificil, mas por desleixo.

Todos os dias renasce radiante,
mas menos exuberante.
Não fora o seu astro rei,
jamais manteria este semblante.
Frageis criaturas supostamente inteligentes,
capazes de tamanho desplante.

Indiferença cega, egoismo fatal,
Erros irreparaveis.
Aqui e ali tenta-se o retrocesso,
mas o avanço é letal.

Vieira MCM

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Olhardentro de Mim

Queria viajar para lá do conhecimento.
Falar mil linguas. Conhecer outras gentes.
Atravessar o firmamento.
Ser quem sou, desistir do que não sou.
Só chegar onde me esperam.
Chorar até me apetecer, com ou sem razão.
Rir até elouquecer o coração.
Poder ajudar quem precisa, e não sentir limites.
Não perder o entusiasmo.
Não sentir a tentação de desistir.
Ter sempre a certeza de um amanhã melhor.
Ser como toda a gente, não me sentir desigual.
Não ser exigente.
Contentar-me com um amanhã apenas diferente.
Olhar para dentro de mim e ver raizes, sentir que pertenço aqui.
Acreditar que faz sentido sentir assim.
Ser capaz de olhar e ver para além do alcance, aceitar a missão.
Ter a certeza que continuar em frente é a solução.
Ver o meu reflexo e dizer esta sou eu.

Vieira MCM

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Não é o que sinto

Sinto o ruborescer da face, que me consome.
A agonia que sobe do peito e aperta a garganta, não respiro, espero que passe.
Numa dormencia propositada, faço de conta.
Seguro as lágrimas que me consomem e turvam a vista.
Finjo indiferença, faço de conta. Mas sinto o pé que me esmaga.
Tento sorrir, não é nada, digo, mas os musculos contraem de desagrado à ordem, a cabeça parece explodir.
Não, não é o que sinto.
A verdade é que me faz diferença.

Vieira MCM

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sufoco

A lama húmida e densa suga e sufoca.
O corpo luta.
A terra aperta , tenta engolir.
O corpo cansado tenta desistir.
Entre o sufoco e o grito.
Uma luz distorcida ilumina a gruta.
A mente reage e luta.
Sem resposta, a luz desvanece e o coração elouquece.
As mãos libertam o esforço preso no sufoco.
A lingua seca, sedenta de vida.
Os olhos presos no horizonte raiados de esforço.
Liberta-se, abandona o fosso.
O coração acalma, a respiração abranda.
Enche os pulmões e respira a ilusão da vitória.
Recomeça a luta pela glória.
A luta é incessante, curta é a memória.

Vieira MCM

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sem explicar, sinto

Sinto a brisa, não me importo.
A maresia refresca.
A onda vem e leva o pensamento,em breve volta e o pensamento fica.
A alma doi.
A areia permanece, os grãos rolam, acomodam-se, a alma não.
Quase sempre é assim.
Vem do grande nada.
A rebentação virgem e selvagem.
A vida segue o seu trilho.
E o sal?
Tempera a vida.

Vieira MCM

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Dor Azul

Olhos azuis cristalinos.
Olhos azuis transparentes.
Viagei neles, e vi dor,
Viagei neles e vi decepção,
Viagei neles e vi humilhação.
Olhos azuis e de todas as cores não deveriam reflectir horrores.
Olhos azuis cristalinos, viagei neles e vi a miséria de um povo, num país distante.
Olhos azuis que não consegui esquecer por um instante..

Vieira MCM

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Liberdade, onde?

O que eu dava para ser livre.
A liberdade é um sonho. Muitas vezes utopia.
Livre como?
Sem ferir, sem contrariar, sem interferir com a liberdade dos outros.
Em sociedade nao existe liberdade.
Chamemos-lhe democracias, umas mais outras menos, mas liberdade não.
O pensamento, esse sim é livre, voa como um passaro, sobe aos ceus desce às profundezas da terra, flutua nas águas, corre livremente, passa fronteiras, experimenta sentimentos.
Mas, quando se transforma em palavras acaba-se a magia, e, sem explicação vai-se a liberdade.

Vieira MCM

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Recompensa

Começa com um pequeno gesto, abrir o coração e ouvir.
Não se espera recompensa.
Mas ela vem, sem aviso, invade-nos, corre-nos nas veias e faz-nos explodir numa apoteose de alegria e gratidão.
Não porque fomos capazes de ouvir, mas porque fomos ouvidos de coração aberto, com amor.
Só nos resta agradecer.

Vieira MCM

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Viagem Presa

Sinto a chama no corpo, que se inflama.
Sinto o silêncio, o vazio que me chama.
A névoa que tudo oculta.
O vento que tudo leva.
O horizonte de sonhos longinquos.
A brisa de mil odores.
O imenso mar e seus amores.
Fecho os olhos e sinto a chama, de volta ao corpo que me chama.
Vieira MCM

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sentindo o Sentido

Tantas religiões, tanta fé, um único sentido.
A procura do sentido da vida.
E se eu disser que ele está dentro de nós? Sou louca? Talvez.
Mas penso, porquê esperar pelo paraíso, ele está aqui diante de nós, é só desfrutar.
O Inferno, também somos capazes de o criar.
Então é só escolher o rumo. Ele está dentro de nós.
Vamos deixar que se manifeste, sem medo da critica, é absurdo o receio que temos de fazer bem ao próximo.
O paraíso é aqui, vamos seguir o sentido.

Vieira MCM

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Com tudo, vazios

Que forças são estas que nos impelem?
Temos tudo!
Não passamos fome, não passamos sede, temos casa, carro, trabalho.
Mas que forças são estas?
Porque sofremos depressões?
Pessoas com sucesso, mas deprimidas.
Afinal será que atingimos tudo a olhar para o lado?
Para o vizinho, para podermos estabelecer comparações?
Será que nos esquecemos de querer atingir metas a olhar para dentro?
Para dentro? Perguntam!
Sim! Para dentro de nós, as nossas metas, não as dos outros.
As nossas metas, porque são nossas, porque acreditamos nelas e não porque "é bem".
Eu acredito que podemos combater a depressão com sonhos, com lutas, vitórias, com derrotas, com amor, mas nunca com os braços cruzados.
Basta ver a meta, lá dentro! Onde?
No coração.
Vieira MCM