terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A SóS comigo

Aceito impassível as desculpas que me imponho.
Decerto adivinho o resultado, não tento sequer refutar.
Afinal o que receio? Não sei!
Olho para mim com desdém, chego à conclusão que eu, como muitos, tenho vivido de fora para dentro. Estranho, não é?
Algum tempo atrás eu já tinha decidido que não ia ser assim, eu decido a minha vida, e eu quero viver de dentro para fora. Parece-me até bastante simples, basta-me mudar conceitos ou crenças impostas. Basta-me querer!
O.K. vamos lá!
A ténue luz das velas faz-me sentir comprometida. E eu ali sentada; apenas eu e eu.
Não consigo concentrar-me, o coração bate desconcertante; a respiração descontrolada. Mas porquê?
Porque decidi enfrentar o maior dos julgamentos, o meu, de mim para mim.
Sou culpada e carrasco num teatro sem fim.
Passei muito do meu tempo fora de mim; aceitei, recusei, culpei, desculpei, enfim!
Agora o patamar é outro.
Trata-se de aceitar, culpar, desculpar, entender, criticar, dentro de mim.
ACEITAR-ME ASSIM. Estar consciente de mim.
Sinto perfeitamente que falhei no primeiro encontro comigo, gorei as minhas expectativas.
Traída pela ansiedade, apaguei as velas, voltei costas e saí.
Concedo-me tempo de maturação. Uma certeza me fica.
É-me absolutamente necessário voltar ali. O encontro é inevitável, não tenho meio de voltar atrás.
Entrar em mim, aceitar amar-me; por certo meu coração vai serenar.
De uma forma natural estarei onde sempre pertenci, DENTRO DE MIM!

Vieira MCM

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Arrostar

Livro-me dos sapatos, e do peso que me arqueia os ombros.
Sinto a areia húmida, desejo ficar assim.
Coração vazio.
Olhos cheios, cheios de tudo e de quase nada.
Cheios de mar e de tudo o que avisto.
Ter o amor na minha mão.
Abrir os braços, deixar-me ir.
Voar com a gaivota que passa.
O frio toque da onda obriga-me a voltar.
Afinal, é sentada na areia que mais gosto de voar.
De pé, sujeito-me à realidade que tento contornar.
Do nada a resposta surge.
Pegar na vida e arrostar!

Vieira MCM

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Reclusa em mim

Fujo sem razão.
Mas, não posso fugir! Faço parte! Permito.
Obrigo-me a ficar. Entrego-me sem vontade...
No meio da minha gente sinto a solidão.
Articulo palavras, inaudiveis, esmorecidas dentro de mim.
Cedo-me à reclusão, na expectativa de certezas ou não, que servem a inércia a que me entrego.
Impassível? Não.
Apenas descrente.
Não sei se o que percebo é, se é o que percebo.
Qual espiral, sem fim.
Talvez esteja apenas, reclusa em mim.

Vieira MCM

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Quem dera olhar nos olhos de quem for e sentir-lhe o coração.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Noite

Toca-me com leveza, carícia subtil.
Não ofereço resistência.
Deixo-me embalar.
Olhar entrecortado, concedo-lhe os lábios.
Não me beija... Não me desaponta, porque não me pertence.
Fascinante, solitária.
Meiga, envolve-me.
Confio-lhe a alma.
Fixo-a, olhos negros raiados de prata.
Curva-se sobre mim, não receio.
Sussura de mansinho.
Adormeço em seu regaço.
Misteriosa... A noite!

Vieira MCM

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Malograr


Experimento a impotência das palavras, não ouvidas,
Esmagadas pela força das acções,
Num emaranhado de emoções.
Olho para trás, não destrinço a realidade da ficção.
Surgem respostas a perguntas que não fiz.
Fico incomodada. Sei não estar imune.
Vejo enrolar uma onda cheia de condutas passadas, que volta e nos pune.
Não ignoro, ferem-me as perguntas sem resposta, não sei como se faz.
Extremistas convictos da nossa razão, jamais deixaremos de amar em paz.
Pode o amor parir o ódio ou a indiferença?
Não creio, não atinjo.
Choramos por um amigo, ajudamos.
Deitamos fora o amor e uma vida porque não falamos.
Amor ou amizade, qual declinamos?
Despojamo-nos do passado.
Em nosso redor o presente desaba, tão absortos de razões, nem notamos.
Viramos costas, cravados de orgulho, feridos de morte.
Debandamos em completo desnorte.

Vieira MCM

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Não aponto, apenas desaponto


Vamos celebrar a vida, senti-la dentro de nós.
Vamos apenas viver!
Da ilha onde me encontro assisto a motivações que não consigo compreender,
Prioridades estabelecidas em posições invertidas, lamento antever.
Das atitudes para com os que nos são confiados para amar e ajudar a crescer, que dizer?
Não deveria ser esta a expressão de um amor maior?
Perdeu-se a faculdade de amar sem esperar algo em troca.
Incomoda-me a apatia que ataca a plantação de novas gerações.
Os frutos que dela advêm não enganam.
É urgênte parar, interiorizar, mudar!
Que legado pretendemos deixar?
Amor, respeito e justiça, na minha ilha teimo cultivar.
Em época de colheita, com a minha filha, a vida pretendo celebrar.

Vieira MCM

terça-feira, 3 de março de 2009

Convulsão


Da revolta à fúria, da fúria à agonia, de forma rápida tudo se entrelaça.
Não me é cedido tempo para digerir a dor que me trespassa.
Não sei nada da teia que me envolve.
Quero expelir a agonia que me sufoca.
Não consigo respirar, a fúria não me concede a vontade de parar.
Admito uma batalha perdida, com alguém ausente algures, numa vida mal resolvida.
O desespero aperta-me o cerco, força-me a querer! Decido saltar.
Numa última esperança, sentencio-me a pagar para ver o resultado.
Algo há-de mudar.

Vieira MCM

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mãe... Palavras sinceras!!



Respiro fundo, paro, recebo a energia que dele emana.
Permito-me uma felicidade desajeitada pela relutancia que me enfeza.
Tateio na incerteza, mantenho-me emergida fintando as investidas de quem de mim nada sabe, mas tudo alvitra.
Sentimentos esquecidos na prateleira do fundo, desbotados, amontoados.
Finjo ser normal, a ordeira desordem do meu ser.
Apesar do desvelo, soltam-se as palavras para mim guardadas.
A cada articulação como raios, rasgam e ferem parte de mim.
Sinto fundo, decido ignorar.
É mais facil ser, sem querer parecer. Tento explicar...

Vieira MCM