quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Não é o que sinto

Sinto o ruborescer da face, que me consome.
A agonia que sobe do peito e aperta a garganta, não respiro, espero que passe.
Numa dormencia propositada, faço de conta.
Seguro as lágrimas que me consomem e turvam a vista.
Finjo indiferença, faço de conta. Mas sinto o pé que me esmaga.
Tento sorrir, não é nada, digo, mas os musculos contraem de desagrado à ordem, a cabeça parece explodir.
Não, não é o que sinto.
A verdade é que me faz diferença.

Vieira MCM

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sufoco

A lama húmida e densa suga e sufoca.
O corpo luta.
A terra aperta , tenta engolir.
O corpo cansado tenta desistir.
Entre o sufoco e o grito.
Uma luz distorcida ilumina a gruta.
A mente reage e luta.
Sem resposta, a luz desvanece e o coração elouquece.
As mãos libertam o esforço preso no sufoco.
A lingua seca, sedenta de vida.
Os olhos presos no horizonte raiados de esforço.
Liberta-se, abandona o fosso.
O coração acalma, a respiração abranda.
Enche os pulmões e respira a ilusão da vitória.
Recomeça a luta pela glória.
A luta é incessante, curta é a memória.

Vieira MCM

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sem explicar, sinto

Sinto a brisa, não me importo.
A maresia refresca.
A onda vem e leva o pensamento,em breve volta e o pensamento fica.
A alma doi.
A areia permanece, os grãos rolam, acomodam-se, a alma não.
Quase sempre é assim.
Vem do grande nada.
A rebentação virgem e selvagem.
A vida segue o seu trilho.
E o sal?
Tempera a vida.

Vieira MCM