quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sombras



Arqueio o peito em movimentos descontrolados na tentativa de respirar o parco respeito no ar, mas a hipocrisia torna o ar menos respiravel.
Cambaleio por entre aqueles onde me devia edificar.
Nesta dança errante de risos vazios, sinto-me chorar. Meus olhos onde outrora brotava um fio cristalino permanecem áridos, perderam-se no tempo. Esse tempo que nos embala e nos aparta da realidade do que à nossa volta cresce.
Esta dor que sinto, não é o sufoco de querer respirar... É este choro invertido que me invade, que me farta de incertezas.
Dúvidas do que sou, de quem são, do que não sei se sinto. Do que sinto e não sei!
Angústia vagarosa, que me aperta como o aconchego de um abraço. Estremece-me a alma como a malícia de um beijo.
Quando por fim me liberto e volto a mim... Não sei quem são, não os reconheço. Não me revejo.
O que me agonia é este medo qual ressaca anunciada, de me olhar nos olhos e não me ver, de me tocar e não me sentir.
Medo de não me saber Eu!

Vieira MCM