quarta-feira, 1 de junho de 2011

Chove em mim


Gotas geladas, sinto-as uma a uma,
Rolam-me na face, descem por mim devagar, caprichosas,
Parecem duvidar que as sinto.
Uma densa nuvem cinzenta paira sobre mim, o seu poder inquieta-me...
Sinto o aperto das asas negras de um anjo branco, asfixio,
Perco o sentido da realidade que me transportou ali,
Prioridades invertem-se.
O ribeiro indolente que entretanto se formou leva nas suas águas muito do que há em mim,
Enxergo a apatia das suas águas lamacentas,
E as gotas agora com mais intensidade seguem uma a uma,
Insinuam-se, dão mostras de uma vontade intolerante.
Cansada enchergo a sobra do meu rosto no riacho,
Com mágoa assinto,
É que... Hoje, hoje chove em mim.

Vieira MCM

4 comentários:

Zé Afonso disse...

Normalmente não tenho por hábito tecer comentários, pois por vezes ao fazê-lo faltam-me as palavras dignas para tal, e assim tudo aquilo que expresso pode parecer vazio, mas neste momento não consegui passar sem deixar o meu "olhar dentro" e perceber que as lágrimas que, muitas vezes, nos rolam pela face são os pára-brisas da alma a dizer-nos "amanhã será um novo dia e no fim, tudo acabará bem" mesmo que se “invertam as prioridades”...


Abraço

Ana Isabel disse...

A tristeza e a melancolia dançam nestas palavras..


Deixo um abraço amigo

Ana Isabel

SiulM disse...

resta não perder a esperança de que a água lave mesmo tudo. acreditar que depois da chuva vem o sol.

Tânia disse...

Sabes que depois da tempestada vem a bonança.
A vida já te mostrou isso. E também sabes que juntos já superámos imensas coisa.
Estamos cá todos (mesmo os que às vezes tem medo de vir aqui ler!)

Beijinho
Amo-te